Capa da edição brasileira, publicada pela Editora Paralela (Foto: Reprodução) 

Daisy Jones and The Six, Taylor Jenkins Reid


Luís Guilherme Rodrigues Silva - estudante 3º M-tec SJ, especial para o blog.

Daisy Jones and The Six: uma história de amor e música traz consigo uma temática inovadora e uma estrutura de formação surpreendentes, que englobam a vida na música nos anos 70 de uma maneira que exemplifica a assinatura da autora presente em suas obras: a ficção que se confunde com a realidade. 

A história nos apresenta Daisy Jones, uma garota belíssima e que cantava sem esforço algum. O talento de Daisy era natural e, obviamente, todos que a viam sabiam que ela faria sucesso. Enquanto os Six formavam uma banda emergente, Billy Dunne ocupava um papel de grande destaque, sendo o vocalista. É importante ressaltar que a maneira da autora escolher contar a história da banda se dá a partir de depoimentos das pessoas ligadas à história.

As nuances dessa história vão muito além do prometido no subtítulo (“amor e música"), o mundo do Rock n’ Roll apresentado pela visão de dentro, a dependência de drogas lícitas e ilícitas, o machismo enraizado no mundo da música, e muitos outros temas que criam no leitor um sentimento de incerteza e imprevisibilidade. Quando menos se espera, Daisy e a banda demonstram que são astros do rock com ações impensadas e inconsequentes.

A história também conta com composições originais da autora – que, felizmente, as deixa elencadas no final do livro para os mais interessados. Em disparidade com o subtítulo (“Uma história de amor e música”), vemos que esse romance envolve muito mais e abre espaço para reflexão do leitor nesses dilemas em que muitas vezes não conseguimos nos imaginar vivendo. Daisy, em especial, me chamou muita atenção, é através dela que vemos com mais clareza na história a dependência que o ser humano tem de viver com alguém, de se apaixonar, de ter amizades reais. Daisy tinha tudo na questão material, mas não tinha dentro de si o que mais queria: o amor.

Taylor Jenkins Reid fez um trabalho de escrita impecável, e que tem como ponto principal esses personagens que necessitam, como a própria Daisy Jones diz, de salvação de si mesmos: “Foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. Foi o que me salvou [...] me salvou de mim mesma”.

Cinco estrelas seria pouco para Daisy Jones and The Six (Talvez sete estrelas fosse mais apropriado…), acredito que a mais importante lição que a obra deixa é a de recomeçar, e toda essa ideia de recomeço é diferente para cada um de nós. Pois todos somos como Daisy, Billy, ou os Six, em algum momento. Somos pessoas que precisam recomeçar e se reinventar sempre que possível.

Foto reprodução.

Vai SER O SEU ALGUÉM, REAGE E COLOCA UM CROPPED

Isabela Lemos Santos- estudante 3º M-tec SJ, especial para o blog.


“Eu não tinha o menor interesse em ser a porra da musa de alguém. Eu não sou a musa. Eu sou esse alguém. E assunto encerrado.” É assim que eu começo esse texto, falando sobre Daisy, personagem do livro Daisy Jones and The Six, a menina que nasceu quebrada e viveu reconstruída, que encontrou uma chance na banda The Six que estava mais para um conjunto desformado do que para formado, afinal seis pessoas juntas não é de fácil sintonia, principalmente se Billy Dunne for seu vocalista ou manda chuva, você escolhe.

Anos 60 e 70, drogas, sexo e rock'n roll definem o que foram esses anos, mas principalmente definem o que foi essa banda. De modo mais profundo, podemos falar do alcoolismo de Billy que em diversos momentos protagoniza cenas dolorosas de serem lidas, e por quê? Porque é extremamente real, ou seja, você em diversos momentos se questiona o porquê de o personagem não reagir e perder um dos momentos mais importante da sua vida para “perceber” que algo estava errado, mas mesmo assim, precisou ser forçado a tomar uma decisão.

Ah, mas o livro é só sobre o Billy? Não, temos outros personagens como o próprio título sugere. Daisy Jones é uma mulher que durante a sua infância e parte da adolescência foi negligenciada pelos pais, fazendo com que arranjasse formas de fuga da realidade - drogas e péssimos relacionamentos. Há Graham Dunne, irmão de Billy, que cresce na sombra deste (mas que mesmo com isso nunca se incomodou com o sucesso do outro), e se apaixona por quem não pode correspondê-lo. Karen, uma mulher independente que está no mundo da música há muito tempo, e já sacou que para chegar onde queria por talento, não pelo corpo ou beleza, precisava se esconder nas suas roupas. 

Vale citar Camila, esposa de Billy e amor de sua vida, suportou e lutou por muita coisa. O que nos faz em diversos momentos questionar até onde vale a pena lutar por um sentimento. Até onde o limite que temos é estável? Até onde os nossos valores têm de fato valor para nós? No decorrer da narrativa atitudes tomadas por ela e por seu marido nos mostram que pessoas boas são ruins quando encontram vulnerabilidade. Enfim, os demais personagens ficam para os/as leitores desvendarem.

 Daisy Jones and The Six é um livro que fala sobre empatia, resiliência, erros e mais erros, mas acima disso é sobre perceber que pessoas reais incomodam e nos frustram porque sonhar com o irreal é divertido e fácil, mas aceitar o real é doloroso, porque nos mostra que erros são mais comuns do que imaginamos e perdão mais presente do que deveria.

Enfim, falando um pouco mais sobre a estrutura do livro cabe mencionar que é completamente fora do padrão narrativo que conhecemos, porque a autora escreve em formato de entrevista, ou seja, vemos o ponto de vista de cada personagem fazendo com que diversos pontos sejam distintos, fazendo com que os fatos não coincidam, mas acima disso mostra a perspectiva particular de cada personagem.

Encerro com a seguinte frase: "A gente acha que uma tragédia significa o fim do mundo, mas aí acaba percebendo que o mundo nunca acaba. Simplesmente não acaba. Não vai acabar.”


POR TRÁS DOS FLASHES: A VERDADEIRA HISTÓRIA DA FAMÍLIA RIVA


Leila Maria de Souza Pereira - estudante 3º M-tec SJ, especial para o blog.


                                             Porque, assim como queimar faz parte da natureza de Malibu, provocar um incêndio e ir embora era parte da natureza de uma certa pessoa.

Malibu Renasce é um romance escrito por Taylor Jenkins Reid, publicado no ano de 2021. Mick Riva, um dos pontos focais dessa trama, é uma personagem previamente introduzida no livro “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo”, pertencente ao mesmo universo criado pela autora. Menino nascido em uma família simples e desestruturada, sonha com a fama e com o dia em que virará um grande cantor de sucesso. Persegue este sonho sozinho, até encontrar June Costas, uma menina meiga e sonhadora, vinda de família simples, porém amorosa, proprietária de um restaurante à beira mar. “[...] Para o próprio Mick, era só mais um capítulo em suas memórias. Mas, para June, sempre foi e sempre seria um romance.” 

Essa história pode tratar-se de uma história de amor, dependendo de onde o leitor a inicia. Isso se deve ao fato de que o livro oscila, em seus capítulos, entre uma narrativa representando uma história que já ocorreu, e outra que ainda está em andamento. June e Mick se conhecem quando ambos ainda são novos, e tudo acontece rapidamente, como em um conto de fadas dos anos 50. O primeiro amor de June, não o primeiro de Mick  embora eles estivessem dispostos a superar essa adversidade — era tudo que ela sempre sonhou: a tratava como uma “princesa”, a respeitava, dizia a todo momento como estava disposto a fazer de tudo para dar a ela tudo que esta sempre sonhou; June sempre soube que estava destinada a algo maior, e Mick parecia uma evidência clara do que, antes, era só um devaneio.

 Nossos pais vivem dentro de nós, fazendo parte de nossa vida ou não, Hud pensou. Eles se expressam através de nós na maneira como seguramos uma caneta ou encolhemos os ombros, a forma como erguemos as sobrancelhas. Essa herança está em nosso sangue. Essa ideia o deixava apavorado.


Porém, quando iniciamos de outro ponto, trata-se da história de quatro crianças advindas de um relacionamento extremamente conturbado. Nina, Jay, Hud e Kit são os frutos dos anos de relacionamento vividos entre June e Mick; e demonstram isso em cada medo, falha e trauma. Nina, a mais velha, assume desde cedo um fenômeno denominado “parentificação”, carregando consigo responsabilidades que não lhe pertenciam, e fazendo de tudo para manter a família em harmonia. Jay é o garoto prodígio. Apaixonado por surf desde pequeno, torna-se um surfista profissional e renomado, agraciado com troféus de campeonatos por todo o mundo. Hud, irmão gêmeo de Jay, é o completo oposto de seu par. Enquanto Jay vive como o foco de todas as câmeras, Hud é o que está por trás delas. Nunca foi muito bom nas mesmas coisas que os irmãos, mas encontrou sua paixão na fotografia. 

Por último, Kit, a caçula. Ao decorrer de todo o livro a acompanhamos enquanto ela tenta lidar com conflitos internos e partes de si que desconhece, por medo. É a protegida da família, e todos ainda a veem como uma criança, embora tenha deixado de ser há tempos. “E Nina entendeu, talvez pela primeira vez, que aceitar o amor e cuidado dos outros também era uma forma de amar e cuidar.” 

Agosto de 1983: o pretexto para a união de tantas figuras memoráveis em um só lugar. Chegou a data da inesquecível festa dos irmãos Riva, evento que vinha acontecendo ano após ano, atraindo cada vez mais atenção midiática. 

A parte mais atual do livro retrata a preparação dos irmãos para a fatídica festa, lidando com diversos conflitos e sentimentos. Ao decorrer de algo que deveria ser divertido, ganhamos, na verdade, a resolução (e criação) de vários problemas. Ao fim da festa, pode-se dizer que a vida de nenhum dos irmãos será a mesma. Ao decorrer de 362 páginas, Taylor consegue discorrer sobre diversos temas que são extremamente recorrentes na sociedade de hoje: relacionamentos abusivos, dependência emocional, alcoolismo, abandono e negligência parental, traições e muito mais. O livro ensina um pouco em cada página, criando uma verdadeira montanha russa de emoções, ocasionando tristeza e felicidade em mesma proporção. Ao fim da leitura, é impossível não estar apegado a, ao menos, uma parcela dos personagens, ansiando que tudo de bom ocorra com eles. "era só mais um em uma série de incêndios que atingiam Malibu desde o início dos tempos. Com eles, vinha a destruição. Mas também vinha a renovação, renascendo das cinzas. A história do fogo". 

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